quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Conferência Novo Movimento Político / Região Litoral Norte



COMPANHEIROS(AS),


Convidamos a todos(as) para a Conferência Regional - Novo Movimento/ Região Litoral Norte.

Quando: Sexta-feira, dia 21 de outubro;

Hora: 18h30

Local: Colônia de Férias do Sind. Metalúrgico/ Canaos: Av. Paraguassú, n.º 3.100, praia de Mariluz


(c/ A presença do Dep. Estadual Nelsinho Metalúrgico)

 

A DÉCADA DA DIGNIDADE

Dentro de dois meses, o país completará uma década governado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Embora muitos dos mais ardorosos opositores do atual governo queiram notabilizá-lo como um governo de continuidade, o fato é que a década petista foi uma época de superação.
Superação de duas forças que tantas vezes impediram o país de alcançar seu desígnio histórico. Por um lado a amarra econômica na qual o desenvolvimento era sempre uma promessa de futuro para os dois terços de baixo da população. Por outro lado, a democracia sempre tutelada por segmentos que se reservavam no direito de decidir o que era melhor para o Brasil.
Passados aqueles vinte anos de chumbo e mais duas décadas perdidas (1984 – 2002), o Brasil reencontrou-se com a dignidade do seu povo. Dignidade da liberdade, da inclusão, da justiça social. É preciso celebrar estes tempos, tão raros em nossa história.
É essa a dignidade interna que nos dá autoridade para exercer nossa dignidade externa. Olhar as outras nações desenvolvidas de igual para igual sem aceitar que nosso destino seja governado por interesses diferentes, (se não raras vezes, divergentes) daqueles que realmente almeja o povo brasileiro.
Não seria adequado chamar esse período de “anos dourados”, porque traria a falsa ilusão de riqueza, normalmente vivenciada por poucos.  Tão pouco podemos dizer que tivemos uma década de falsos e efêmeros “milagres”, de racionalidade duvidosa. E nem foi um tempo que o povo precisou de um pai para construir seus direitos. Não. Foi um tempo mais modesto. Foi uma década de DIGNIDADE.
 

ALBERTO L. KOPITTKE

Diretor Executivo
Consórcio Metropolitano Região Metropolitana 

DEMOCRACIA DIGITAL E AS TECNOLOGIAS DO PODER

DEMOCRACIA DIGITAL E AS TECNOLOGIAS DO PODER
Fábio Cannas*
Guilherme Ortiz**

Estamos diante de um período de profunda transformação da sociabilidade humana, principalmente na forma como nos constituímos enquanto sujeitos no mundo contemporâneo. A condição que nos pressiona a estarmos conectados a tudo e em tempo real não pode alçar as redes sociais colaborativas à causa desse desejo de conexão, mas sim, nos levar a compreendê-las como um reforço substancial impulsionado pelas novas tecnologias. Dessa forma, não podemos atribuir aos fenômenos sociais em curso, sejam manifestações populares de caráter reivindicatório diversos, sejam insurreições de povos subsumidos a ditaturas e regimes totalitaristas opressores, uma explicação simplista atribuindo nexo causal ao determinismo tecnológico.
No entanto, torna-se cada vez mais improvável a possibilidade de qualquer tipo de previsibilidade ou projeção de cenários futuros frente à utilização de novas tecnologias de interação virtual, tanto pelo dinamismo e velocidade com que são desenvolvidas novas derivações de software e hardware, quando pela criatividade na apropriação destas ferramentas para os mais distintos fins. Porém é inegável o seu extraordinário poder convocatório e sua capacidade de potencialização da ação de massa.
Nesse sentido, o processo cognitvo produzido pelas redes, por meio da capacidade interartiva das pessoas, de forma crescente e cotidiana através da utilização de plataformas tecnológicas de comunicação como o Twitter e Facebook, exige um importante questionamento: A quem serve este arcabouço de produção e fluxo de informação? Muitos atores afirmam que vivemos uma nova fase do capitalismo:

Na virada do século, o longo período de transição – genericamente denominado pela literatura econômica e sociológica de “pós-fordismo” – chegou à maturidade. A crise (que se declarou na década de 1970) do regime de acumulação da grande indústria taylorista e de sua regulação fordista-keynesiana abriu, após a transição das décadas de 1980 e 1990, o caminho para um novo regime de acumulação de tipo cognitivo. Essa maturidade não deixa de ser paradoxal: por um lado, ela permite fazer um balanço do debate que atravessou as duas décadas de transição sobre a “natureza” do pós-fordismo e, pois, da própria crise dos 1970; por outro lado, esse balanço e essa “maturidade” podem acontecer numa conjuntura marcada pela crise vertical – desse início do século XXI, da governança (financeira) e da ideologia (neoliberal) do capitalismo cognitivo e globalizado. Giuseppe Cocco

Segundo Cocco, o capitalismo pós-fordista passa a co-existir com a configuração social marcada pelo capitalismo cognitivo, agregando ao modelo de exploração industrial a capacidade exploratória da produção, dessa forma o capital financeiro se soma através dos meios cognitivos. Nessa esteira, podemos vislumbrara existência de uma nova composição das relações de trabalho eum novo tipo de proletariado chamado “cognetariado”. Por meio das redes e mídias, a vida introduz uma singularidade e afirmação da valorização do “eu”: um valor imaterial sobre a autonomia se auto afirmando pelas redes sociais.
As denominadas tecnologias do poder, embora nascidas a partir dos interesses do capital - têm produzido ferramentas que são resultado do capitalismo cognitivo e de sua insaciável necessidade de apropriação da inteligência coletiva[1] - criaram condições de fomento e impulso à intelectualidade de massas[2], por meio das redes sociais e dos novos mecanismos de distribuição de informação.
A eclosão de diversos movimentos revolucionários constituem um ciclo de insurreições oriundas do norte da África, do Egito, da Líbia, passando pela Primavera Árabe, na Síria, na Tunísia e atingindo o coração da Europa, Inglaterra, França e principalmente da Espanha. As manifestações revolucionárias que acontecem na Puerta del Sol, no território espanhol, compõem um dos mais ricos cenários para análises desses fenômenos, sendo possível a exploração de um novo modelo de revolução e o surgimento de um novo paradigma.
A crise do capitalismo global impulsionou na Espanha uma crise em rede, propriamente dita, contribuindo para o dilaceramento dos resíduos do Estado do Bem Estar Social, não só no país, mas também em grande parte da Europa. Os impactos das medidas adotadas pelo governo espanhol na tentativa de restabelecer o equilíbrio financeiro do País foram recebidos com uma onda de contrariedade pela população.
Esse movimento disparou inquietações com relação ao modelo de democracia representativa vigente, as quais redundaram na ocupação dos espaços públicos reais e virtuais, no anseio da conquista de uma democracia real. O que nasce então não é apenas um movimento de minorias, tampouco a soma de um conjunto dessas minorias presentes e ativas no País. Também não são mobilizações estratificadas, nem identificadas a segmentos de classe ou representativos. Tais movimentos são resultado do potencial imensurável da intelectualidade de massa produzida a partir das experiências da cibercultura e suas derivações, tomando corpo uma concepção de auto-representação definido pela homogeneização entre militantes e não militantes.
As ondas de informação que se propagam, embora necessitem de colaboração e participação espontânea, são geradasmuitas vezes a partir de processos orientados. A utilização de plataformas tecnológicas de interação, como é o caso do Twitter, permite a propagação de fluxos de palavras chave, denominadas “hastag”, utilizadas para identificar algum assunto ou informação discutida em tempo real na plataforma. As “hastag” constituem-se em hiperlinks na rede, as quais podem ser mapeadas, permitindo a identificação de todos os que participam da discussão. Aquelas que se apresentam com maior intensidade e circulação contínua na rede entram nos “tranding topic”.  No auge das rebeliões espanholas a “hastag” “#spanishrevolution” figurou no topo da “tranding topic” na rede espanhola e durante dois dias foi topo da lista no mundo. Estes fluxos produzidos por “hastags” fortalecem ações unificadas e a produção de consensos entre manifestantes.
As assembléias na Puerta del Sol, coração de Madri, chegaram a reunir mais de 2.000 pessoas com ampla capacidade de participação e deliberação a partir da utilização das plataformas tecnológicas interativas, reforçando e ampliando, dessa forma, a capacidade organizativa pelo meio da utilização das redes sociais.
A intitulada crise da democracia representativa, caracterizada pela ausência da capacidade de respostas frente aos problemas impostos pela crise do capitalismo global, reforça-se pela apatia da esquerda europeia em apresentar construções simbólicas e práticas para estas questões. Dessa forma as características do fenômeno espanhol - mesmo que recente, com pouco mais de três meses de existência - instalado a partir da criação do “Movimento 15-M” já é considerada uma nova forma de organização política – a política da multidão[3].
As ferramentas do capitalismo cognitivo, em um primeiro momento, possibilitam a ampliação da democracia, entretanto acabam transformando o homem em escravo, através destas ferramentas. Elas se apropriam do nosso conhecimento através da produção nas redes sociais. Faz-se fundamental a compreensão da dimensão paradoxal desse contexto, afinal, ao mesmo tempo em que, em Madrid, milhares de jovens tomam as praças em união contra o capitalismo, às empresas multinacionais, capitalistas lucram com as informações e mobilizações através das ferramentas do capitalismo cognitivo, que se une com o fordismo usando a retórica do coletivo.
A discussão referente as mudanças na noção de valor, produzida por uma força-cérebro livre de um comando, constitui-se em um elemento determinante na crise atual. Os recursos imateriais do processo de produção, tais como  conhecimento,  cooperação e  comunicação, se por um lado se subordinam à lógica do capital, por outro, contribuem fortemente constituindo conteúdo ao comum e à multiplicidade de subjetividades da multidão. A lógica mudou, vivemos no tempo da proliferação da criação doméstica fora dos ambientes corporativos, mas mesmo assim esta proliferação de informação e pensamento é capitalizada pelas grandes corporações visando o lucro através da busca deste processo imaterial.
Tanto na Espanha como nos demais países em ebulição revolucionária os efeitos da utilização das redes alteram significativamente as questões territoriais. Os espanhóis, que tradicionalmente ocupavam locais centrais de importantes cidades como Barcelona e Madrid, presenciaram a ocupação maciça de mais de sessenta outros municípios. Este curto-circuito entre o real e o virtual, a formação de uma nova topografia que não identifica nem o dentro nem o fora, nem muros nem paredes, bem como o compartilhamento de coletivos imaginários[4] que circulam pela imaterialidade dos territórios para além da cartografia da cidade, constituem uma nova relação de poder e de liberdade entre os sujeitos. A crise dos agentes intermediários de mediações, representados no plano político social pelos sindicatos e partidos, coloca toda a sociedade diante de enormes desafios na busca pela governança da multidão.
A necessidade de complementação dos ambientes tradicionais de representação da democracia que até então homogeneizava os espaços, está convivendo com a constituição de uma nova atmosfera de representação a partir da constituição do comum. No entanto, cabe salientar que as revoluções não nascem das redes e das tecnologias, essas são ferramentas, instrumentos que potencializam as insurreições, as quais nascem das contradições ainda abissais e imensuravelmente dissimétricas entre o capital e o trabalho.
Frente ao cenário mundial que estamos presenciando, faz-se necessário um exercício de serenidade e alteridade, que nos possibilite melhor conviver e apropriar-se da nova configuração de extensão da condição humana, vislumbrada por uma realidade aumentada[5] a partir da utilização das novas ferramentas tecnológicas. A intervenção autoritária, à medida que governos encontram-se ameaçados, tem-se firmado freqüentemente como a alternativa de resposta presente em discursos extremistas, conservadores e ditatoriais, a exemplo do ditador Mubarack, na insurreição egípcia e, recentemente, do primeiro ministro britânico David Cameron, nas manifestações de jovens nas ruas de Londres. Em ambos os episódios, cogitou-se a hipótese de retirar as plataformas de interação do ar, explicitando a tentativa de um processo de censura inadmissível, principalmente para nações de democracias sólidas e consolidadas como as européias. Os EUA também são um ótimo exemplo de inabilidade em conviver com as novas fronteiras da transparência social. A tentativa frustrada do governo norte americano em bloquear os acessos ao Wikileaks, site que divulgou arquivos secretos do país, gerou uma comoção na rede.
 A rede alterou a interatividade, que por sua vez subverteu a centralidade do poder, agregando transparência pública a democracia participativa, colocando em cheque a cultura do segredo. Passa a existir um mal estar no estado, criado pela enfreada capacidade de expressar-se, dessa forma gerando instabilidade nos governos que não incorporam a condição interartiva na relação com o cidadão, sendo que esta interatividade depende do individualismo colaborativo das pessoas com os governos. Consolidação de um cenário cada vez mais fácil de falar e difícil de ser ouvido.
A democracia moderna, consolidada no século XX, especialmente nos países desenvolvidos, foi produto da criação e do aperfeiçoamento de instituições que regularam os conflitos sociais através da competição política, a partir da implantação do sufrágio universal, como forma privilegiada de participação política. Hoje, passamos pela crise da representação e a desvalorização da política. O principal fator desta crise foi o declínio das relações de identificação entre representantes e representados. Fazer algo diferente é essencial para essa geração, precisamos criar novas experiências, alternativas ao retrocesso e as formas de política tradicionais, pensando em um sistema de participação que seja uma reinvenção do processo democrático.

A democracia na pós-modernidade está diante de novos desafios. Em uma sociedade cada vez mais plural, onde as novas tecnologias de comunicação transformam-se em importantes ferramentas de participação, cabe a toda a sociedade estar preparada para não mais ser apenas receptora, mas principalmente, emissora de informação. É fundamental que os líderes do século XXI compreendam que estamos diante de uma formação social advinda de um novo modelo de sociabilidade, de relacionamento e de interações, onde cada indivíduo tem a capacidade de intervir e produzir uma tessitura. Essa compreensão abre um amplo campo de novas possibilidades de intervenção na realidade, precisamos todos estar atentos a ela.

* Sociólogo, Assistente Social e Chefe de Gabinete do Prefeito de Canoas
**Cientista Político e Assessor Especial do Gabinete do Prefeito de Canoas


[1] LÉVY, Pierre – A Inteligência Coletiva, Editora Loyola
[2] BENTES, Ivana – Seminário Internacional Capitalismo Cognitivo: Revolução 2.0
[3] SANCHEZ, Raul - Seminário Internacional Capitalismo Cognitivo: Revolução 2.0
[4] MENEZES, Francisco – Impressões Digitais – Cibercultura, Comunicação e Pensamento, Editora Sulina
[5] GABRIEL, Martha – Marketing na Era Digital, Editora Novatec

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Palavra de Prefeito

Extraído do Jornal Correio do Povo | Porto Alegre/RS | Pág. 2
"O desafio de criar diretrizes inovadoras para a carreira dos profissionais da educação está previsto no Compromisso Todos Pela Educação, decreto n 6.094, assinado pelo ex-presidente Lula em 2007, que estabelece a implantação de plano de carreira privilegiando o mérito, a formação e a avaliação do desempenho.

Canoas é um dos primeiros municípios do Brasil a implantar um novo plano dentro desse novo marco legal. Os planos de carreira do magistério e dos agentes de apoio da educação infantil de Canoas nasceram de um amplo processo democrático de discussão. Foram 46 reuniões nas escolas com a participação de 1.100 professores.

Qual a grande diferença desse plano comparado aos já existentes? Em Canoas, os professores são os responsáveis pela sua carreira, a progressão é automática, não dependem de vagas. No Estado, por exemplo, existem vagas predeterminadas e o educador depende da boa vontade do governador para avançar. Cada professor irá construir o seu próprio caminho de progressão que lhe permita, no prazo de três anos, alcançar 1.000 entre 1.200 pontos. Ao todo, são dez classes que ele poderá galgar com seu trabalho, saindo de um básico de R$ 1.777,19 e chegando ao teto de R$ 6.659,19. O educador é valorizado também por investir na sua formação, com sete graus, incidindo de 10% a 50% sobre seu salário básico, valorizando progressivamente da especialização ao doutorado. Ao impedir o achatamento da pós-graduação em um único grau, como é no plano do Estado, estamos incentivando os jovens com mestrado e doutorado a ingressar na carreira docente na educação infantil e fundamental.

A progressão está baseada no mérito, mas nenhum professor compete com outro, segue o seu próprio caminho e estabelece um compromisso com a qualidade da educação. A meritocracia como verbete explica um sistema regido pelo mérito, no entanto, as palavras não estão imunes às ideologias. Portanto, meritocracia significa mais do que isso, indica um sistema que estabelece disputas entre educadores e escolas, na propalada busca da excelência, extremamente enganosa. Por isso, entendo que tanto eu como o governador Tarso Genro não estamos propondo "essa meritocracia" na educação, mas sim um sistema regido pelo mérito e pelo respeito ao professor e à sua autonomia. Aqui não se trata de um jogo de palavras, mas conceitos distintos. Os planos de carreira são um investimento na profissionalização e nos processos educacionais. Valorizam o trabalho diário da escola e do professor, incentivando as práticas educativas.

Os critérios observados nas leis para a progressão na carreira atentam para as situações cotidianas do trabalho docente, à luz da proposta político-pedagógica e do regimento escolar, que averbam os acontecimentos no coletivo da escola. A falta não é punida, pois o professor tem a chance de buscar essa pontuação em outros critérios. Se entra em licença saúde, ele não perderá os dias letivos já contabilizados e seguirá contando a partir da sua retomada. O plano de Canoas não busca valorizar um superprofessor, mas apoiar e incentivar o bom educador, a grande maioria que está em sala de aula e faz com disposição e dedicação o seu trabalho."

 Jairo Jorge - prefeito de Canoas.