segunda-feira, 23 de maio de 2011

O ônus do trabalhador e da sociedade

Autor: Nelsinho Metalúrgico*



Sobre nós pesa o ônus de como pode ser adversa a concessão de incentivos fiscais para as grandes empresas. A Azaleia, beneficiada por incentivos do Fundopem concedidos ainda no governo Britto, devolve ao estado, e particularmente aos trabalhadores, uma ingrata medida ao anunciar o fechamento da unidade industrial em Parobé, surpreendendo todos os gaúchos.

Os benefícios tão bem recebidos pela Azaleia são devolvidos sob a forma da demissão em massa. A responsabilidade social da empresa com seus 840 empregados demitidos e a comunidade ficou em segundo plano na extinção da linha produtiva daquela fábrica. Caracteriza um golpe dilacerante em centenas de famílias e o eco desta medida extrema retumba e confronta o bom senso dos gaúchos que querem um estado mais justo para viver.

Há muito podia-se ler que esta empresa produzia calçados na Ásia e exportava-os para os mercados que tradicionalmente compravam do Rio Grande do Sul. Em busca de mão de obra barata e por uma opção em manter, no máximo grau possível, seu potencial de lucro, a Azaleia atacou o trabalhador no seu bem mais precioso por meio da guerra fiscal e do fator cambial. Os empregos estavam deixando de existir aqui no estado porque o calçado desta fábrica, produzido na Ásia, estava retirando o valor e o espaço do produto fabricado aqui.

Por outro lado, é preciso dizer que existe um alento com relação a uma série de medidas que o governo do Estado pretende implementar para a revitalização do setor calçadista. Cabe aqui reiterar aos trabalhadores da Azaleia de Parobé que as respostas serão dadas pelo governador Tarso Genro em tempo e com total empenho para permitir a retomada da competitividade do setor calçadista no Rio Grande do Sul.

Com a inversão da lógica de investimentos do Estado e a valorização do trabalhador por meio do aumento do salário mínimo regional, deve-se pensar na qualificação da mão de obra. Preceitos que nunca existiram, como treinamentos, pesquisas tecnológicas e a contribuição da área técnica e que consolidam a política de valorização do trabalhador no estado. É necessário estabelecermos regras que comprometam os beneficiados por incentivo fiscal para que, ao concedermos enormes vantagens econômicas, não sejamos prejudicados com posturas como as da Azaleia. Esta que leva consigo a herança de desrespeito e desumanização do trabalhador, tornando-o refém de uma ambição que busca salários cada vez mais baixos e produção cada vez maior.

Nelsinho Metalúrgico é bacharel em Economia, Deputado Estadual e Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita 

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